RESENHA – As horas, Alex Andrade

By Unknown - 23 fevereiro

A história: As horas reúne treze contos diferentes de Alex Andrade e todos tem um tema em comum, as últimas horas de vida dos protagonistas. Em cada pequena narrativa o leitor se depara com muitas formas de definhar até não mais existir dos personagens.

A últimas horas de vida aqui não significam que o corpo para de viver, muito dos contos os protagonistas param no tempo, vão se acabando aos poucos como se a alma tivesse morrido. Seja por se recusar a continuar o drama de sua vida ou por ter perdido um grande amor.

A linguagem do autor se altera a cada novo personagem, sendo poético, vulgar, e em muitos contos, machista. Percebe-se aqui o forte trabalho de caracterização dos protagonistas. Os contos são pequenos, por isso, a linguagem marcada e transparente de cada indivíduo é jogada na cara do leitor para que esse enxergue como o personagem é sem precisar de muitas descrições, o que deixaria a narrativa mais longa.

O que mais gostei: Como estamos falando de contos resolvi fazer diferente hoje e vou escolher aqui os meus três contos preferidos do livro.

Poema: amei apenas, esse é um conto para quem gosta de referências e easter eggs. Uma mulher chamada Poema, desprovida de muito conhecimento, tem paixão pelo amor e pela vida, mesmo que nunca tenha sido feliz. Um dia ela encontra um tal de Fernando e vive um sentimento arrebatador e poético. Leia para catar as referência, eu não vou dar spoiler.

Tempo: O que me fez amar esse conto foi a forma frenética e sonorizada que as palavras vão se encaixando na narrativa. A linguagem cria o ritmo intenso do protagonista cheio de arrependimentos, nostalgia e tristeza.

Tá vendo o dia lá fora?: Esse é o conto final do livro, um conto que, como os outros, fale sobre o fim da vida, da existência e da alma, é real e bonito. Uma velha senhora resolve sair da zona de conforto que a idade e o descaso dos filhos lhe trouxe e vai curtir um pouco a vida, mesmo que seja com tão pouco.

Todos os contos são excelentes e vale a pena a leitura. Como eles não se interligam é possível lê-los separadamente, ou todos de uma vez só, o leitor decide.
Com nove contos reunidos, Andrade se consolida um especialista no gênero, ao demonstrar domínio técnico para dar forma a textos concisos em suas estruturas, mas que proporcionam experiências de profundidade e alcance. Partindo da impossibilidade de comunicação e de diálogos com a literatura e outras expressões artísticas, o autor alcança um timbre inflexivo que carrega, em si, muitas elevações.
Alex Andrade é escritor e arte educador. Publicou em 2001 o livro de contos "A suspeita da imperfeição". Andrade escreve desde muito jovem, estudou artes cênicas e trabalhou com produção musical de shows e eventos. Autor dos livros infantis " O pequeno Hamlet" inspirado na obra do bardo inglês William Shakespeare e "A galinha malcriada", Andrade desenvolve em escolas particulares do Rio de Janeiro um trabalho com crianças intitulado "desenvolvimento criativo", onde exercita teatro, artes plásticas e jogos lúdicos.

Na literatura escreveu os livros "Longe dos olhos" (Romance/ 2012 - editora Multifoco), os elogiados "Poema" (Contos/ 2013 - editora Confraria do vento) e "Amores, truques e outras versões" ( 2014/2015 - editora Confraria do vento). Tem diversos contos publicados em revistas de literatura como São Paulo Review, Homoliteratus, Caos descrito, Pessoa, entre outras. Teve seu conto "Poema" que dá título ao livro de contos publicado em 2013 traduzido para o inglês para o Contemporary Brazilian Short Stories. Foi publicado pelo selo digital e-galáxia no projeto Formas breves entre os escritores mais badalados da nova literatura brasileira com o conto "Eu não amava os Rolling Stones à toa". Indicado pelo premiado escritor Ronaldo Cagiano para o Antessala das letras, onde um autor renomado indica um novo nome que surge no mercado editorial, Cagiano disse sobre Andrade: "Hálito novo na prosa brasileira". Comparado a Caio Fernando Abreu, um dos mais importantes nomes da literatura contemporânea, Andrade foi convidado pela Revista São Paulo Review para escrever um conto inspirado na literatura deste. Andrade escreveu o belíssimo "Tecendo um breve diálogo com Caio Fernando Abreu".

E em 2016, Alex Andrade publica o seu mais novo livro, desta vez mais um título para o público infantil " A menina e a sapatilha e o menino e a chuteira". Entre tantos títulos para seu desempenho na literatura, Andrade coleciona uns bem sugestivos, como: "Don Juan dos aplicativos" Jornal Tribuna de Santos, por Alfredo Monte. "Hálito novo na prosa brasileira" Jornal Folha do Paraná e Revista Zona da Palavra, por Ronaldo Cagiano. "Vazios modernos de Alex Andrade" Jornal Opção, por Sérgio Tavares.

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